
A campanha Março Amarelo tem o objetivo de informar a população sobre os sintomas, desafios no diagnóstico e as opções de tratamento disponíveis, buscando melhorar a qualidade de vida das pacientes. Foto: Freepik
A endometriose é uma doença que afeta cerca de 10% das mulheres em idade reprodutiva no Brasil e no mundo, ou seja, uma a cada dez mulheres, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). A enfermidade ocorre quando um tecido semelhante ao endométrio, que reveste o útero, cresce fora dele, podendo afetar órgãos como ovários, trompas, intestino e bexiga.
Entre os sintomas mais comuns estão cólicas menstruais intensas, dor pélvica crônica, dor durante as relações sexuais, alterações intestinais e urinárias, além de dificuldades para engravidar. Apesar da alta incidência, a doença ainda é subdiagnosticada, levando muitas mulheres a anos de sofrimento antes de obterem o tratamento adequado.
O ginecologista e especialista em medicina reprodutiva, Daniel Diógenes, alerta para a importância do diagnóstico precoce, que pode ser feito por meio de exames clínicos, ultrassonografia transvaginal com preparo intestinal e ressonância magnética. O tratamento varia de acordo com a gravidade da doença e pode incluir o uso de medicamentos hormonais, terapias para alívio da dor e, em casos mais severos, cirurgia minimamente invasiva.
“Sentir dor não é normal. Não podemos normalizar essa dor. Além do impacto na saúde física, a endometriose pode afetar o bem-estar emocional e a produtividade das pacientes, levando-as a ficarem incapacitadas para o trabalho por um período determinado”, afirma o médico.
Conforme a Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo), a doença pode ser subdiagnosticada em mulheres mais jovens ou naquelas que ainda não têm filhos. Muitas vezes, a paciente apresenta poucos sintomas. Ou seja, algumas mulheres com casos graves podem não apresentar sintomas significativos, enquanto outras, com formas mais leves, têm sintomas intensos. Essa incompatibilidade entre a doença e os sintomas pode levar ao subdiagnóstico, com pacientes assintomáticas ou com sintomas discretos não sendo corretamente identificadas. Existe, portanto, um grande subdiagnóstico, especialmente entre as pacientes com infertilidade, já que 50% das mulheres inférteis podem ter endometriose pélvica.
“Ainda nos dias atuais, é comum vermos muitas pacientes com um diagnóstico tardio da doença, o que pode levar, entre outras consequências, à dificuldade da mulher engravidar. A endometriose hoje é a segunda principal causa de infertilidade na mulher, ficando atrás apenas da idade avançada”, completa o ginecologista.